UNITA denuncia conflitos entre sobas e forças de segurança

ANGOLA. A UNITA, maior partido da oposição em Angola, denunciou hoje “conflituosidade” entre sobas e as forças de defesa e segurança, nomeadamente nas províncias angolanas das Lundas, considerando ser este “um alerta” de que algo não está bem.

Em declarações aos jornalistas, em Luanda, no final da apresentação de um estudo sobre “Os Impactos da Exploração Mineira sobre as Comunidades Locais”, o líder parlamentar da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, alertou para os perigos da “elevação dos níveis de conflito” na Lunda Norte e Sul, no leste do país.

Em causa está o descontentamento das populações que residem próximo das zonas de exploração diamantífera nas Lundas com as promessas por cumprir por parte das empresas de exploração mineira e diamantífera, que têm levado as autoridades tradicionais a protestarem contra o que dizem ser o abandono a que estão submetidos pelo Estado.

“Estamos mais uma vez a pensar enviar uma delegação para fazer um levantamento das razões pelas quais as autoridades tradicionais chegam à absoluta necessidade de entrar em conflitualidade com as forças de defesa e segurança. Isto é um alerta de que qualquer coisa não está bem por estas regiões. É uma preocupação grande”, afirmou.

“Ver sobas, em número de vinte e poucos, agredidos, presos e a necessitarem de ‘lutar’ com as forças de defesa e segurança, isto é o máximo de alerta que as instituições poderiam e deveriam ter para intervirem efectivamente com a responsabilidade que um problema destes obriga”, frisou, sem nunca adiantar onde ocorreram os incidentes.

O dirigente da UNITA realçou que, recentemente, num encontro com homens de negócio que atuam nas Lundas, o alertaram para os efeitos nocivos da “Operação Transparência”, lançada pelo Governo e operacionalizada pelas forças de segurança em Setembro de 2018, que, entre outros objectivos, visa repor a autoridade do Estado e pôr cobro à exploração ilegal de diamantes e à imigração irregular.

“Era uma operação necessária, sem dúvida, pois era preciso arrumar a casa em muitas questões, mas, diziam-me estes empresários, correram com toda a gente, inclusivamente com os legais, e agora estão a substituir os legais pelos amigos. Isto está a trazer muitos problemas novos e muitas conflitualidades”, sublinhou.

Para Adalberto da Costa Júnior, é necessário em Angola um Estado “que regule e que faça cumprir com isenção e que definitivamente o faça com a transparência que as necessidades de uma governação transparente exigem e que, de facto, não são ainda a realidade que temos no país”.

“A fiscalização não funciona. Quem está a dizer a verdade? Depois a imagem é forte, e é de uma extrema pobreza das comunidades. Mais ainda, substituir uns por outros acaba por trazer a continuidade do problema. Precisamos efectivamente de um Estado que faça uma mediação com isenção e rigor”, defendeu.

O estudo sobre “Os Impactos da Exploração Mineira sobre as Comunidades Locais”, hoje apresentado, foi elaborado pela Associação Justiça, Paz e Democracia (AJPD) entre Setembro de 2015 e Setembro de 2018.

No estudo, apresentado pelo coordenador da organização não governamental angolana, Serra Bango, é criticada a “ausência” do Estado na responsabilização pelas comunidades que residem nas zonas de exploração diamantíferas, permitindo abusos das empresas de exploração mineira, sobretudo nas Lundas.

Lusa

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